Lá ia a Fer, que como muitos já sabem, não curte multidões e tem uma tendência quase patética ao isolamento… mas o curso dos fatos mudou, inesperadamente.
Aluguei um chalé no meio da montanha, longe da cidade e com praticamente um único vizinho. É verdade que cresci em São Paulo e fui residente em Nova Iorque e Londres. Ainda assim, sempre que posso, me retiro do meio da multidão e busco um lugar tranquilo, provavelmente na tentativa estúpida em apaziguar a minha mente que é um turbilhão ininterrupto.
No mesmo terreno havia um segundo chalé, virado de frente para o meu. A principio, era um local onde a proprietária guardava os excessos da sua mobília e não havia intenção em habitá-lo. Estava tudo em paz até que um belo dia ela me disse que iria alugá-lo para o carnaval. A ideia de ter pessoas abrindo a janela e olhando dentro de casa me apavorou. Imediatamente perguntei por quanto poderíamos fechar o aluguel e assim eu teria o ateliê separado da casa.
Mais espaço para trabalhar, sem misturar o lar com o trabalho; o que faço há anos e tenho que admitir que não é muito saudável. Como amo meu trabalho, me dedico horas absurdas e chego na cama exausta mas tão pilhada que tenho insônia todas as noites. A ideia de separar um pouco as coisas me pareceu ótima.
Seguindo a mesma ideia em manter meu espaço livre de intrusos, visitei uma pousada próxima para ver valores e indicar aos familiares e amigos. Na minha casa tem apenas um banheiro e o mesmo não tem porta. É um tanto desconfortável para receber hóspedes. Na pousada, papo vem, papo vai, a dona me perguntou sobre meu trabalho e imediatamente mencionou que enviaria clientes.
A ideia me pegou de sopetão já que não cogitava a possibilidade em ter meu espaço, meu refúgio, aberto a pessoas que não conheço. Estranhamente isso me pareceu muito bom. Lembrei do conselho de uma amiga vidente querida “você deve lutar contra essa tendência de isolamento e se misturar mais com as pessoas”, e com isso em mente decidi: o ateliê estará aberto ao público!
Não me interpretem mal, sou ótima anfitriã. Gosto muito de receber amigos e clientes. Sou arredia até que vocês cheguem, então paro tudo para oferecer um café, um chá ou dependendo da hora, um vinho. E aproveitamos para observar as estrelas e agradecer a Gaia por essa bênção de estar acolhida em seu colo.
Deixo aqui o convite, venham conhecer o ateliê!
Com Amor,
Fer