Este mês tive a oportunidade de fazer um trabalho bem diferente. Fui chamada para retocar detalhes para a entrega de uma obra de alto padrão. Me senti como uma garçonete de NY (a cidade onde todos os garçons são um talento à espera de ser descoberto) e lá fui eu fazer mais um trabalho paralelo para ajudar a bancar o trabalho do ateliê.
Cheguei na obra e me entregaram uma pistola de silicone para preencher imperfeições de acabamento, onde na sequência segui com a tinta, misturando tons para maquiar detalhes. Algumas pessoas olhavam para mim como se o meu pincel fosse uma varinha mágica. Por vezes o mestre de obra me chamou para inventar algum truque e sumir com alguma falha. Além da habilidade manual, percebi que a mente criativa do artista também é uma jóia nesse meio. Eu via a obra como um cenário e assim ficava fácil inventar alguma solução para resolver uma falha estética.
Nunca tinha percebido que existia essa carência enorme na área de arquitetura quanto à mão de obra especializada. Num dado momento, quando o prazo apertou, pedi que me emprestassem um assistente, um menino muito dedicado e tal, mas foi ali que percebi o quanto as habilidades de um artista fazem a diferença nesse detalhamento da obra. Ensinei, ele aprendeu, mas ainda assim o resultado não ficou igual. Não conheço muitas pessoas que conseguem traçar uma linha reta sem régua e fazer um círculo sem compasso. É uma habilidade bem específica.
O trabalho que era a princípio de 3 dias acabou se estendendo para 10 e ainda precisei chamar minha parceira nos últimos dias para darmos conta. Fiquei exausta com todo o esforço físico e as posturas difíceis para alcançar cantinhos aqui e ali mas a equipe da obra era ótima, muito bem humorada e dedicada e isso foi incrível para me lembrar de como é bom trabalhar com outras pessoas as vezes.
Parece o começo de um livro muito bom . Amei !!!